sábado, 26 de junho de 2010

Para qualquer um


Eu não estou nem nunca estive apaixonada por você. Mas toda relação merece um “adeus”, ou ao menos um “até mais”. Podia não ser amor, mas tinha sua mão na minha, tinha o domingo na rede, tinha o cinema e tinha a palavra, tinha a ideia de ser honesto.

Que coisa, mesmo sem amor, não é fácil nunca dizer pra alguém essa frase tão simples de fim.Não temos uma música, mas você ficou me devendo uma. Você me falava dos seus problemas e assuntos e desenhos, e eu ficava tranquila ruminando os meus em silêncio. Você me fez companhia e me aqueceu e me acordou com seu ronco. Você estava finalmente aprendendo a conhecer meu corpo e eu a me acostumar com o seu. Você não sabia meu telefone de cor, mas era a única pessoa que ligava pra minha casa.

Você não entendia de política e isso não me fazia falta. Você tinha um jeito de homem e isso me agradava. Você ficou me devendo um jantar, ou um almoço, mas acho que nunca combinamos isso. Você freqüentava minha casa e minha cama e conheceu até minhas amigas mais queridas. Você era carinhoso e me chamava de “linda”, quando não se esquecia desse nome bonito e me tratava como um de seus amigos, "mano", "cara", e seus afins.

Você não se importou quando eu estava com dor e isso me chateou muito. Eu acreditava que essa relação nossa era tranqüila e honesta, e que cada um saberia a hora de dizer ao outro quando ela não fosse mais. Mas aí você não soube. Você sumiu como somem os estúpidos personagens caricaturais masculinos. Você, o mais bom moço que freqüentou meus lençóis, me tratou no fim como o mais vigarista deles, que ao menos me deu uma última e boa trepada de despedida.

Você me fez lembrar dos meus vigaristas, e me fez até sentir saudade deles. Porque eles são mais simples que os de seu tipo, os bons moços que não querem namoro e um belo dia somem. Pena que não foi um belo dia, foi um dia triste, cheio de carência de abraço.

Você foi sem nem um abraço. E eu que te ensinei que uma relação pode ser leve, que mulher não é sempre bicho fresco, que te disse que não é bom ser dono de ninguém, que te dei um livro de poesia e queria te levar pra praia.

Você não merece esse momento de insegurança que agora volto a passar. Não merece essa música bonita e francesa que lembra melancolia de amor partido. Porque não foi amor. Foi só partido.

Um comentário:

  1. Duro me identificar com o rapaz bom aí.

    Acho que nós acabamos sendo sempre maus para alguém...

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