sábado, 26 de junho de 2010

Copeando

- Viu aquele gatinho?

- Qual?

- Aquele, que tá com a camisa do Brasil!

Gostar muito, mas muito mesmo de futebol, e não gostar tanto assim de Copa é uma heresia imperdoável?

Eu comparo a adorar comer pizza, mas a não achar rodízio de pizza assim tão tentador.

Já pensei que pudesse se dever ao fato de eu ser babaca a ponto de não querer fazer a mesma coisa que o resto do país e o resto do mundo estão fazendo. Mediocridade chegou aí e parou, né?

Depois, cogitei ser porque eu talvez nem goste tanto assim de futebol. Não, porra, eu adoro futebol!

Uma primeira explicação coerente à qual consigo chegar se relaciona ao fato de que eu não convivo com o cotidiano do futebol de fora. Nesse momento, um palhaço qualquer retruca: mas é claro, garota, você não acompanha os campeonatos internacionais porque não quer! Opa, alto lá! Querer eu quero, mas quem tem tempo pra acompanhar o Italianão da apertura à clausura? Infelizmente, na depilação ou no café do trabalho ninguém fala – pelo menos não comigo - sobre as previsões da próxima UEFA Champions League.

Acho que o componente emotivo que advém dessa condição pode influir também. É mais ou menos assim: tenho a maior simpatia e admiração pelo futebol do Lúcio, mas nunca mais vi o cara jogar, dar entrevista. Nem sei se ele gosta de putaria ou se é evangélico. Já o Imperador tá sempre ali pelo morro, boa gente, ora salvando e ora afundando o Flamerdinha. O laço afetivo com os peloteiros também é essencial.

Fazer uma digressão político-social rasteira até concluir que esse problema é do capitalismo e que, enquanto ele existir, os jogadores sempre vão sair e que vai demorar pra todo mundo ter ESPN, é simplista? É, mas também não deixa de ser outro elemento importante.

O caso é que a Copa ganha muitos outros contornos interessantes que ultrapassam as quatro linhas. É impagável, por exemplo, ver nossa mãe questionando esquema tático do Dunga. A gente tentando politizar as coisas e fazendo campanha contra a Globo. Tomar cerveja numa segunda de manhã.

Prestar atenção no futebol mesmo, me matar torcendo, prefiro deixar pro meu time na Libertadores.

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